29 de nov. de 2016

A maior tragédia do futebol brasileiro

    Não, não foi o 7x1, isso foi vexame. Foi muito maior que o 7x1, foram 71 vidas de jovens que se encerraram, pais, filhos, maridos, irmãos. O mundo desacredita o que aconteceu com o time da Chapecoense, não é um time da cidade, é o time da cidade, time que leva o nome de Chapecó pelo mundo hoje.
    Em 2009 a chape estava na Série D, 2012 conseguiu o acesso para a C e começou a escalada, 2013 B e finalmente em 2014 chegou na elite do futebol brasileiro. Era uma surpresa, um time de uma cidade pequena de Santa Catarina na Série A, a Chapecoense impressionou, não tomou surra e permaneceu na elite, não só permaneceu como conseguiu vaga na Copa Sul-Americana. Sensacional. 2015 chegou, a chape surpreendeu na Sul-Americana, chegou até as quartas de final, sendo eliminada pelo River Plate(ARG), que se sagraria campeão. No brasileiro a Chapecoense goleou Palmeiras e Internacional, fez mais uma ótima campanha e conseguiu vaga para a próxima Sul-Americana de novo.
    Já em 2016 ninguém ousou duvidar da Chapecoense, o time da chape é de Série A, a administração do time é um exemplo, mesmo com pouco dinheiro. Jogar na Arena Condá é um terror, um caldeirão. O alviverde não decepcionou, fez um Brasileirão sem passar sustos, já na Sul-Americana surpreendeu quase todos, nas oitavas de final eliminou o Rey de Copas, o Indepiendente(ARG), time que mais venceu a Libertadores. Nas quartas foi a vez do Junior de Barranquilla(COL), fazendo 3x0 na Arena Condá. Semifinal à vista, San Lorenzo(ARG), o time do papa. Perdeu também. Chape na final. Em 2009 na Série D, 7 anos depois, 2016 chape na final de uma competição continental. Puro mérito.
    A grande final seria contra o atual campeão da Libertadores, o Atlético Nacional de Medellín(COL). 27/11, a chape esteve em um jogo do título, foi o último jogo da Chapecoense antes de embarcar para a Colômbia, o jogo que resultou no enea brasileiro do Palmeiras. O jogo do título para a Chapeconese seria na quarta-feira dia 30/11, a delegação embarca no voo fretado 2 dias antes. Terça-feira amanhece e todo o mundo só fala na queda do avião com a delegação da chape. Todos se recusam a acreditar que, o que poderia ser uma das maiores histórias de superação do futebol não teria escrita sua última página. O avião caiu e morreram 71 pessoas, jogadores, jornalistas, médicos, dirigentes.
    Não só os 210 mil habitantes de Chapecó estavam em choque, o mundo todo estava e logo começaram a aparecer as atitudes solidárias, o Libertad(PAR), colocou todos os seus titulares à disposição da Chapecoense quando precisar, Racing(ARG) vai jogar com o escudo da chape no seu jogo desse domingo, todos os clubes ingleses que jogaram hoje fizeram 1min de silêncio em apoio, os clubes brasileiros sugeriram para a CBF que a Chapecoense fique isenta de rebaixamento por 3 anos e receba jogadores emprestados dos clubes gratuitamente. O Palmeiras, já campeão brasileiro, pediu autorização para a CBF para jogar o seu último jogo do Brasileirão com a camisa da Chapecoense em homenagem. O Atlético Nacional de Medellín(COL), que seria o adversário da chape na final, desistiu do título, enviou um pedido formal para a CONMEBOL para que a instituição declare a Chapecoense campeã. Não, o futebol não é só um jogo.
    O jogo de volta da final da Copa do Brasil, que seria disputada no mesmo dia 30/11, entre Grêmio e Atlético-MG foi adiada para o dia 7/12, a última rodada do Brasileirão também foi adiada, para o dia 11/12.
    Se era o melhor time da história da Chapecoense eu não sei, mas que era um ótimo time e cheio de guerreiros isso eu tenho certeza. Para citar alguns nomes Danilo, herói da classificação, goleiro jovem, seguro. Cléber Santana, o capitão, aos 35 anos reencontrou o bom futebol em Chapecó. Alan, jovem lateral, veloz, sua noiva ia marcar o dia do casamento no dia do acidente. Tiaguinho, atacante infernal, rápido, ágil, tinha acabado de receber a notícia que seria pai pela 1º vez. Caio Júnior, que viu seu filho não embarcar no voo porque esqueceu o passaporte, vinha fazendo um excelente trabalho no seu retorno ao comando técnico de uma equipe brasileira. Bruno Rangel, o maior artilheiro da história da Chapecoense, 77 gols. Todos que estavam no avião entraram para a história como heróis, não só da chape, mas do Brasil.
    Tudo o que resta são dores e dúvidas, falha humana ou do equipamento? Chapecoense ficará isenta de rebaixamentos? Chape fica com o título da Sul-Americana? A única certeza é que a chape é forte o bastante para se reerguer, mas precisa de ajuda.

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