4 de jun. de 2019

As diferenças das torcidas paulistas

    Canindé, Morumbi, Allianz Parque, Arena Corinthians, Palestra Itália, Pacaembu, Nicolau Alayon e mais, bem mais. Já fui em todos esses estádios em diversos jogos, clássicos, Paulistão, Brasileirão, Copa do Brasil e até Libertadores.
    Portuguesa x Goiás, Santos x Palmeiras, Corinthians x Chapecoense, Palmeiras x São Paulo, São Paulo x Palmeiras e, de novo, muitos outros. É extremamente engraçado experimentar e ver as diferenças de cada torcida. Todas tem estilos, traumas, jeitos de empurrar, comemorar e sofrer bem diferentes.
    Faltando 15min para começar o jogo, existe uma regra na Arena Corinthians: "Timão êo, timão êo, timão êo". Sério. 15min disso, até o jogo começar, ai mudam os cantos. Na torcida do Palmeiras, antes de começar o jogo, pouco antes do apito inicial e por vezes até enquanto o jogo está acontecendo, a torcida, por si só, canta o nome de cada jogador. Um por um. Cada um com seu apelido.
    "O bagulho é doido, Felipe Melo pitbull cachorro louco". "Dudu guerreiro, Dudu guerreiro" e por aí vai. Além disso, tem também um tema mais polêmico, o tal do "Meu Palmeiras" enquanto toca o hino nacional. Uns amam, outros acham ridículo e outros consideram como falta de respeito. Enfim, a torcida do Palmeiras foi pioneira ao inventar e canta mesmo durante o hino inteiro do Brasil o "Meu Palmeiras". Algo diferente e único, não vi outro time fazer similar ainda.
    Diferenças notáveis para a torcida do São Paulo, que, por exemplo, aplaude quando os nomes são anunciados pelo locutor do estádio.Obviamente quanto maior a moral com a torcida mais aplausos o jogador recebe. Sem moral = sem palmas.
    Confesso que o jogo da Portuguesa que eu fui foi pela Copinha, estava bem vazio, provavelmente por ter sido no meio da tarde e em dia da semana, logo, foi complicado de ver o comportamento dos torcedores da Lusa.
    Uma coisa que me chamou muita atenção foi a tensão que as torcidas de Santos e São Paulo demonstraram. Fui acompanhar clássicos e as torcidas não tinham medo, mas tensão. Nas torcidas de Palmeiras e Corinthians, o clima era mais leve, de menos pressão e responsabilidade, até em clássicos.
    Fatos: A torcida do São Paulo se empolga com pouco. A torcida do Palmeiras é muito crítica, nunca nada está bom. A torcida do Corinthians é apreensiva durante todo o jogo. A torcida do Santos cobra muito, reclama muito do próprio time e pega no pé do adversário.
    Não que todas as torcidas não façam todas essas coisas, mas, em linhas gerais, essas características saltam os olhos.
    Um detalhe: Acredito que nunca vivenciei ou senti tanta raiva em um ambiente quanto no São Paulo x Palmeiras no jogo de ida do Paulistão desse ano no Morumbi. Impressionante a gana que a torcida do São Paulo demonstrava. Ou era ou era. Clima total de guerra.
    O entorno dos estádios também muda muito! Nos jogos do Palmeiras, muito sanduíche de pernil e pouca pizza e churrasquinho. Os jogos do Santos são mais ou menos assim, já no Morumbi, é pizza para todo o lado e um ou outro pernil. No jogo do Corinthians nem me lembro de pizza, apenas food truck no local delimitado. Porque as torcidas comem coisas diferentes?
    Moram tão perto, respiram o mesmo esporte e tem nuances, características e traços tão específicos que seria possível escrever facilmente um livro sobre isso. Interessante como a tradição de cada equipe e como se adequam a modernidade muda tudo né? Nem citei o público dos estádios por esse assunto já estar completamente batido, mas vale a pena a reflexão. De onde vieram essas especificidades?