31 de jan. de 2022

Tite tem um ano para dar um jeito na seleção

 Desde que Tite assumiu a seleção brasileira, em 2016, o Brasil teve duas fases: futebol encantador e com ótimos resultados e futebol mediano com resultados. Agora, a seleção enfrenta sua pior fase, o futebol é ruim e os resultados também.

Tite precisa de soluções para isso. Não ganha a Copa do Mundo quem joga melhor, mas quem vence os jogos. É óbvio que seria maravilhoso ganhar mais uma Copa jogando bem, mas não sei se acredito nisso nesse momento.

Eu realmente não me surpreenderia se Tite apostasse em soluções "caseiras" nas próximas convocações como Renato Augusto, Paulinho e Willian, todos atualmente no Corinthians. Ele conhece os jogadores e já sabe o que eles podem apresentar na seleção.

Sinceramente, não acredito que nenhum desses seja a solução. Tite precisa reencontrar o time que potencializa o talento de seus melhores jogadores, Vinícius Júnior e Neymar, no momento e equilibrar isso com um sistema defensivo confiável e um padrão de atuação. Fácil de falar e difícil de fazer.

Também não é novidade que o Brasil tem muito talento e com características muito diferentes. Antony, Raphinha, David Neres, Rodrygo e Everton Cebolinha brigam por posição. Richarlison, Gabigol, Matheus Cunha e Gabriel Jesus também. Gerson, Bruno Guimarães, Fred, Arthur e outros também são exemplos. Todas as posições tem uma gama de talentos grande e diferentes.

O grande "x da questão" é descobrir quais serão os 23 jogadores que vão formar o melhor grupo e preencher as lacunas que Tite acha que precisam ser preenchidas. Eu ainda acredito que o melhor caminho para isso é "oportunizando", como Tite diz, e "deixando o campo falar". Ele fala isso, mas não executa. Sem cadeira cativa. Quem está melhor e se encaixar melhor no sistema vai pra Copa. Para isso, é preciso testar e a hora disso é agora, não um mês antes da Copa.

O pior de tudo: não acredito que Tite fará isso. Aposto que o técnico vai manter seu grupinho de jogadores e seguir com os olhos fechados para os outros que se destacarem nessa reta final de preparação. Se isso vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Além de tudo isso, é preciso ressaltar que a base desses jogadores é a que fez o Brasil jogar bonito e com resultados empolgantes no começo da "Era Tite". Quem sabe Tite esteja certo e todos nós errados...

17 de jan. de 2022

Copinha: Título é legal, mas não é o mais importante

Claro que todo mundo quer ser campeão e isso tem um valor inestimável, mas, no caso da Copinha, existem outros pontos que são muito mais importantes que o título do campeonato.

A Copa São Paulo de Futebol Jr pode ser considerada como o torneio que melhor coloca seus jogadores em situação similar ao profissional. Visibilidade, pressão, torcida, calendário apertado e times competitivos.

Finalizar o torneio levantando o troféu é maravilhoso, mas o mais importante é saber utilizar bem os meninos da base, seja com vendas para Europa ou no profissional para obter os benefícios esportivos primeiro e, posteriormente os financeiros.

O Flamengo, o São Paulo e o Internacional foram os últimos três campeões da Copinha e, cada time, teve uma abordagem com os jovens. O Flamengo, na maioria, não deu espaço e vendeu. O São Paulo ainda tem a alguns da geração no elenco e outros já foram vendidos ou emprestados e o Inter, por sua vez, quase nem deu chance aos meninos.

Não é interessante ganhar a Copinha e não chegar pronto ao profissional, onde o desafio físico, a pressão, a mídia e todos os outros fatores, principalmente os mentais, são muito maiores. A transição sub-20/profissional é a etapa mais complicada da formação de atletas e a mais importante.

Não adianta nada fazer 200 gols na base e não render no profissional, muito mais vale ter pouco destaque nas categorias inferiores e compor bem o elenco profissional.

Grêmio e Palmeiras são os clubes que melhor tem feito essa transição, usando bem os jovens no profissional e, no caso gaúcho, já fazendo a venda à Europa. Não é preciso ter uma Copinha para formar os melhores jovens do país, basta ver o Palmeiras, que tem a maior parte do seu elenco composto por jovens da base e é o atual bicampeão da Libertadores com eles.

A principal função da base é alimentar e reforçar o profissional, não ser campeã. Uma base vencedora é boa porque ela indica que existem bons jovens que podem ser usados no profissional, não porque o torcedor do clube vai se vangloriar dos títulos dela "Quantos Brasileirões sub-17 seu time tem?". O que importa mesmo é "Quantos Campeonatos Brasileiros o seu time tem?".

6 de jan. de 2022

Saída de Fábio do Cruzeiro tem um motivo: Ronaldo quer ser fenomenal sozinho

Eu não demitiria Fábio. Basicamente foi isso que aconteceu, já que o goleiro disse que aceitaria reduzir o salário. Agora, aparecem comunicados do Cruzeiro dizendo que não foi bem assim, bem estranho.

O futebol ser feito de uma maneira racional, com gestão e austeridade é positivo, mas não podemos esquecer que o jogo também é emoção e história. Fábio mistura sua história com a do Cruzeiro. O goleiro havia acertado as bases de sua renovação e bateria, inevitavelmente, a marca de 1000 jogos com a camisa do clube.

Mais um ano de Série B para Fábio, mais um ano de provações e demonstração de amor, mas, pelo menos, um ano com marcas históricas, mesmo que para um jogador que não precise delas, já que já está na história do clube.

41 anos, 17 anos consecutivos no clube, 13 títulos e 976 jogos. Fábio com certeza não estava pensando no dinheiro, ele poderia ter saído antes, inclusive, poderia nem disputar a Série B, tinha mercado na elite do futebol brasileiro quando o Cruzeiro caiu. Optou por ficar.

Aos poucos, o projeto encabeçado por Ronaldo Fenômeno vai "limpando" o Cruzeiro de possíveis ídolos e personagens como Vanderlei Luxemburgo e Fábio, que poderiam ser mais marcantes do que ele no eventual retorno à Séria A e isso não é uma novidade.

No Corinthians, por mais que não fosse na Série B e como dono do time, Ronaldo atuou de uma maneira que precisa ser ressaltada. Fica muito claro entre todos que existe um "antes de Ronaldo" e um "depois de Ronaldo" no Corinthians. 

Quem era o presidente? Quem era o técnico? Quem foi o artilheiro do time? Isso faz parte do "pacote Ronaldo", ele chega para ser o centro de todas as atenções, custe o que custar. Custou Fábio e Luxemburgo, nesse caso do Cruzeiro.

O modelo de gestão SAF (Sociedade Anônima no Futebol) também gera esse impacto. Primeiro as contas e a racionalização, o dinheiro. Depois e em segundo plano, emoção, história e contexto. Quem pensou que seria um mar de flores se enganou muito.

A decisão já foi tomada e não será revertida. O Cruzeiro é uma empresa e será gerido como tal, o torcedor só pode ficar, literalmente, torcendo para que as decisões sejam acertadas, nada mais que isso. 

Fábio, como grande ídolo que é, merecia mais carinho na despedida e mais consideração. O que pode ser feito para amenizar a dor da torcida é, basicamente, oferecer um cargo diretivo em alguma esfera do clube para ele.

Agora o Cruzeiro tem seu único e grande pilar para se apoiar: Ronaldo Fenômeno. O jogador que mais atuou pelo clube já saiu e o técnico que, além de evocar um passado glorioso, conseguiu, com muitos sacrifícios, manter o time na Série B saiu também. Ronaldo será o único e maior protagonista dessa história, tendo ela um final feliz ou não.