28 de dez. de 2021

Saída de Cuca era anunciada, mas surpreende mesmo assim

É preciso respeitar as decisões "particulares" ou por "problemas familiares", mas a frequência que essa justificativa é usada por Cuca salta os olhos, principalmente após ótimos trabalhos.

Cuca, de fato, tem muitos problemas familiares, sobretudo relacionados a sua saúde, que é bem delicada, e de sua mãe, mas é curioso que isso não o impeça de aceitar os trabalhos, já que, por exemplo, o técnico aceitou o convite do Atlético no começo desse ano enquanto sua mãe estava internada com graves problemas de saúde - já saneados.

Foi com o Palmeiras em 2016, após ser campeão do Brasileirão e tirar o time de uma fila de 22 anos sem esse título, com o Santos em 2020, após ser vice-campeão da Libertadores e agora, com o Atlético-MG depois de um Campeonato Brasileiro - que não era conquistado há 50 anos-  e uma Copa do Brasil. Ótimos trabalhos, com perspectiva para o ano seguinte, e que não tiveram continuidade.

Cuca faz isso. Ganha e sai. Pode ser porque não gosta de disputar estaduais? Pode, qual técnico que gosta? Se for campeão, é o mínimo, se perder, foi um vexame, além disso, não precisa montar o elenco e ainda pode curtir umas férias mais longas. Faz sentido.

Fato é que Cuca está se tornando, por causa das suas próprias atitudes, um treinador de um ano só. Não um bombeiro, que chega para apagar o fogo de times desesperados na parte debaixo da tabela, mas um bombeiro que entrega títulos em curto prazo e vai embora. Tira times da fila e segue sua vida.

É um problema? Não é, é uma característica dele. Antonio Conte, técnico italiano, tem essa mesma postura. Assume times que precisam desesperadamente sair da fila, vence títulos e vai embora. Tudo em menos de dois anos e vida que segue.

Tudo faz parte do plano de carreira de cada um, mas não deixa de ser curioso e precisa ser relativizado o quão bom é ter esse rótulo. Cuca poderia ser hegemônico com esse time do Atlético-MG ou com o do Palmeiras em 2016, mas optou por rodar por outros clubes.

Enquanto todos os técnicos desejam um projeto de longo prazo, estabilidade, confiança da diretoria e tempo para montar elenco, Cuca parece que prefere evitar isso. Pega o elenco montado, faz o possível agregando uma ou outra contratação e entende seu trabalho como finalizado após poucos meses. Não é nada usual, principalmente entre os brasileiros, mas será que ele não está correto? Cuca vem fazendo isso e obtendo bons resultados.

Cuca sai sempre por cima, não é demitido e mantém, geralmente, sua história intacta nos clubes depois de fazer um bom trabalho, não há tempo hábil para a deterioração do clima, já que ele logo sai do time. Ficam sempre as memórias boas dele e dos seus times de um ano só.

O mais curioso é que Cuca sempre volta para algum outro time, geralmente pouco tempo depois de suas saídas, quase sempre depois do final do Estadual e antes do começo do Brasileiro e, de maneira geral, recuperado e pronto para mais desafios, sem problemas particulares ou de saúde.

De todo modo, até logo, Cuca, tenho certeza que logo veremos você em um outro time da elite do Brasil, por mais que o técnico tenha se comprometido com o Atlético em não assumir nenhum outro clube em 2022.

Ao clube que contratar Cuca: esteja ciente, um amor de verão pode vir, mas nada duradouro é garantido. Além disso, Cuca não é uma certeza de ótimos trabalhos, o técnico também já fez trabalhos bem ruins em gigantes do futebol brasileiro.

20 de dez. de 2021

Últimos anos provam: é hora dos gigantes acordarem

Camisa já não resolve mais nada. Torcida ajuda, mas não é garantia de sucesso e "tamanho", hoje mais do que nunca, não é documento na Série A do futebol brasileiro.

O Brasileirão de 2021 serviu para confirmar uma tendência que, há alguns anos, já vinha se desenhando: times de porte médio/novatos são mais organizados internamente e sabem de suas limitações e objetivos melhor do que times grandes, que ainda pecam na megalomania.

Quem imaginaria em pleno 2022 uma Libertadores com América-MG, Bragantino e Fortaleza? Ceará, Atlético-GO, Cuiabá e Juventude na primeira divisão e, exceto o Juve, todos na Sula. Não chega a ser uma inversão de grandezas, mas prova que esses times estão sabendo jogar melhor o "campeonato deles" e sem fazer loucuras.

É claro que o regulamento de hoje, com muitas vagas para Libertadores e Sul-Americana, facilita isso, mas, ao mesmo tempo, estamos falando de Internacional, Grêmio, São Paulo, Santos e Athletico-PR não conseguirem ficar sequer em 8° e terem de se contentar com a Sul-Americana. Cada um tem seu motivo e justificativa, mas é certo que deve saltar os olhos.

Basta ver, nos últimos 10 anos, praticamente sempre caiu pelo menos um time grande para a Série B. Isso não pode ser coincidência. Quando não caiu um grande, bateu na trave

É hora de os times grandes assumirem que não dá para brigar por títulos todos os anos só com o peso da tradição ou no "contra tudo e contra todos". É preciso um projeto para estruturar o clube internamente e, quando ele estiver pronto para disputar títulos, aí sim disputar. Hoje, os times que fizeram isso no passado, colhem os frutos.

É um caminho longo pelo vale da sombra e da morte até chegar ao paraíso. O melhor exemplo é o Palmeiras, começou sua reestruturação interna com Paulo Nobre, caiu para Série B e, mesmo assim, não saiu dos trilhos ou abdicou da proposta. Hoje, 9 anos depois, o time embolsou duas Libertadores e inúmeros outros títulos com a casa arrumada e um time forte.

Coragem e coerência são indispensáveis para fazer isso. Críticas e chacotas vão acontecer, pressão da torcida e da imprensa também, mas é preciso se manter firme e forte na direção correta. Hoje, quem tenta seguir os passos que Palmeiras e Flamengo já percorreram, é o Santos. Vamos ver como será o final da história.

Veja as quedas dos grandes/gigantes nos últimos 10 anos:

2011- Caiu: Athletico-PR // Cruzeiro e Atlético-MG ficaram no quase;
2012- Caíram: Palmeiras e Sport;
2013- Caíram: Vasco e "Fluminense" - Imbróglio com a Portuguesa;
2014- Caíram: Botafogo, Bahia e Vitória // Palmeiras bateu na trave;
2015- Caíram: Vasco e Goiás;
2016- Caiu: Internacional // Vitória passou perto;
2017-   ---------------------
2018- Caiu: Sport // Vasco bateu na trave;
2019- Caiu: Cruzeiro;
2020- Caíram: Botafogo, Vasco, Goiás e Coritiba;
2021- Caíram: Grêmio, Bahia e Sport.

10 de dez. de 2021

Seleção do Brasileirão 2021

                                                        Esquema: 4-3-3

Goleiro: João Paulo (Santos)
Lateral esquerdo: Guilherme Arana (Atlético-MG)
Zagueiro: Nathan Silva (Atlético-MG)
Zagueiro: Léo Ortiz (RB Bragantino)
Lateral direito: Yago Pikachu (Fortaleza)
Volante: Jair (Atlético-MG)
Meias: Gustavo Scarpa e Raphael Veiga (Palmeiras)
Atacantes: Artur (RB Bragantino), Hulk (Atlético-MG) e Michael (Flamengo)
Técnico: Cuca (Atlético-MG)

Melhor ataque: Flamengo - 69 gols
Craque do Brasileirão: Hulk (Atlético-MG)
Revelação do Brasileirão: Éderson (Fortaleza)
Melhor defesa: Atlético-MG - 34 gols
Surpresa negativa do Brasileirão (time): Grêmio - 17 °
Surpresa Positiva do Brasileirão (time): Fortaleza - 4 °
Mais assistências: Gustavo Scarpa - 13
Artilheiro: Hulk - 19 gols 

Time B

Goleiro: Walter (Cuiabá)
Lateral esquerdo: Filipe Luís (Flamengo)
Zagueiro: Marcelo Benevenuto (Fortaleza)
Zagueiro: Junior Alonso (Atlético-MG)
Lateral direito: João Lucas (Cuiabá)
Volantes: Edenílson (Internacional) e Allan (Atlético-MG)
Meia: Nacho Fernández (Atlético-MG)
Atacantes: Ademir (América-MG), Roger Guedes (Corinthians) e Keno (Atlético-MG)
Técnico: Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza)


8 de dez. de 2021

Atlético coroa projeto de anos com título do Brasileirão 2021

O Atlético-MG ganhou o Brasileirão depois de 50 anos e uma campanha irretocável, sendo quase perfeito em casa, casca grossa fora e apresentando um bom futebol, mas o time já vinha ficando no "quase" do título do Brasileirão há alguns anos.

Só na última década o Atlético "bateu na trave" três vezes. Em 2020, terminou em terceiro, mas apenas três pontos atrás do campeão, já em 2015, o Galo foi segundo com dois pontos a menos e, em 2012, de novo ficou com o vice, mas cinco pontos atrás.

Até o momento, não é um projeto tão sólido e linear em conquistas em campo e extracampo quanto o de Palmeiras e Flamengo, que já estão nos trilhos há alguns anos, mas a projeção para o futuro do Atlético é, além de ambiciosa, positiva.

Um bom técnico com um bom time, geralmente, dá em títulos. É preciso ver como o Atlético vai equacionar sua dívida, que é astronômica, com a construção de uma nova arena, mas, em campo, tem tudo para continuar brigando na parte de cima dos principais campeonatos, não acredito que 2021 tenha sido um amor de verão.

Bater Campeão Brasileiro, semifinal da Libertadores e final da Copa do Brasil não é para qualquer um. A cereja no bolo atleticano já veio, resta ver os adereços e os próximos títulos do clube, mas 2021 sempre será um ano especial para os torcedores.

O título brasileiro de 2021 tem um dono incontestável e muito merecido, diferente do de 2020, que foi meio aos trancos e barrancos. A campanha do Atlético não deixa margens para o "e se". O único "e se" que poderia tirar o título dele é: "e se o Galo não disputasse?". Parabéns, Atlético.