31 de mar. de 2022

Crias de Cotia podem levar o São Paulo de volta aos tempos áureos

Às vezes é bom crescer na dificuldade, no ferro e fogo. Os jogadores da base do São Paulo sabem bem o que é isso e, justamente por esse motivo, jogam, vibram, entendem a torcida e interagem com ela de maneira diferente. Esse é o trunfo que pode trazer o São Paulo aos títulos recorrentes, o aspecto interno.

Existe algo de especial nos jogadores das categorias de base e suas respectivas torcidas. Todo mundo sabe que a base do São Paulo tem tradição e história, mas essa geração tem algo que as outras mais recentes não tiveram: tempo, apoio e gana de vencer.

Rogério Ceni, Nestor, Sara, Igor Gomes, Luan, Diego Costa e os outros jogadores da base atualmente no profissional sabem muito bem o que é ser São Paulo. A alma deles é diferente e, no coração, estão impressas as três listras. Esses sim são os protagonistas do São Paulo e tentam reerguer o clube.

Uma coisa é ser campeão paulista contra o forte Palmeiras, outra coisa é ser bicampeão paulista em cima do bicampeão da Libertadores. Isso prova que, crescer no meio das dificuldades e tendo que conviver constantemente com a dor e a raiva, forma caráter e dá uma casca necessária.

Os jogadores não passaram dificuldades na base do São Paulo, que tem uma das melhores infraestruturas do país, mas sofreram ao ver o jejum do profissional, toda a zoação, as dívidas crescentes, os rivais sendo campeões e a ingestão. Pra quem é são-paulino, como esses meninos da base, isso é como uma facada no coração. Estimula e dá forças.

Essa geração do São Paulo, se tiver tempo, pode se desenvolver e, quem sabe, não teremos o "Menudos do Morumbi 2.0". Existe talento, existe vontade e espaço para crescerem e brilharem. Os maiores problemas são justamente os adversários muito qualificados e a própria diretoria, que pode se seduzir pelas cifras dos outros times e vender os atletas.

Os jogadores da base do São Paulo estão reconstruindo o time de uma maneira especial: vencendo e com a identificação necessária. Não é fácil, mas os jogadores estão percorrendo o caminho correto e isso vale em caso de mais um título paulista ou de um vice-campeonato em 2022.

24 de mar. de 2022

Santos precisa começar temporada 'pra valer' com sinal de alerta ligado

A temporada passada já foi muito ruim para o Santos. No Paulista, o time quase caiu e venceu apenas 2 de 12 jogos. Pouquíssimo para um time desse quilate. Esse ano não foi diferente, venceu apenas três jogos e também flertou com a queda. O Santos tem um elenco muito curto, pouco qualificado e vai enfrentar um longo ano com Brasileirão, Copa do Brasil e Sul-Americana. A temporada "de verdade" ainda está para começar.

O Santos flertou com a queda inédita para Série B do Brasileirão na temporada passada e esse ano, por mais que o clube seja perito em surpreender, não vejo uma briga em outra parte da tabela. O sinal de alerta precisa estar ligado desde a primeira rodada. Além do técnico gringo inexperiente no Brasil, o elenco do Santos não é balanceado: ou tem muitos jovens ou muitos veteranos. Poucos jogadores estão no auge físico e técnico.

É engraçado pensar que, pouco tempo atrás, mesmo com pouco dinheiro, o Santos conseguiu ir muito bem em edições de Brasileirão, chegando em 2° em 2016 e 3° em 2019, foi vice da Libertadores em 2019 e Copa do Brasil em 2015 e "repentinamente" agora vai para o segundo ano brigando para não cair.

O Santos, por isso, é a prova viva que a gestão pode alavancar ou derrubar um time. Vendas mal feitas, contratos ruins, apostas péssimas e contratações impensáveis foram feitas. Hoje o time está endividado, em busca dos míseros 45 pontos e uma reestruturação.

Vejo uma perspectiva boa para o futuro. O caminho que conhecemos hoje em dia para ter um time competitivo de futebol a longo prazo é o que Palmeiras e Flamengo fizeram: reestruturação completa focando a austeridade da base ao profissional passando por departamento médico, clube social, CT e afins.

É um caminho longo e turbulento, o Palmeiras inclusive foi rebaixado nele, mas hoje colhe os frutos da reestruturação bem-feita. É um time sólido financeiramente, nas categorias de base e campeão recorrentemente no profissional. Esse é o exemplo para o Santos.

O presidente do Santos, Andrés Rueda, promete seguir essa linha. Uma queda de divisão seria trágico e atrasaria muito o projeto, por isso, o clube precisa entender a tênue linha entre economizar e ter um time nível Série A. O resultado é a longo prazo e só saberemos se foi uma gestão boa nos próximos anos, mas os primeiros indícios são positivos, resta agora não se perder nas tentações do mundo do futebol.

18 de mar. de 2022

Pelo 5° ano consecutivo um time brasileiro caiu na pré-Libertadores

O Fluminense foi eliminado nessa semana para o Olimpia depois de ter feito uma ótima vantagem no Rio de Janeiro. 3 a 1 para o Flu no jogo de ida e 2 a 0 para o Olimpia no Paraguai. Nos pênaltis, deu Olimpia. A eliminação do Fluminense só reforça como é complicado passar pela pré-Libertadores.

Desde 2018, sempre um brasileiro foi eliminado nas fases preliminares da competição. Isso reforça que, de fato, o Brasil tem muitas vagas para o torneio e, os times que se classificam, nem sempre estão prontos para fazer um papel decente na Libertadores.

  • 2018 - Chapecoense eliminada pelo Nacional
  • 2019 - São Paulo eliminado pelo Talleres
  • 2020 - Corinthians eliminado pelo Guaraní
  • 2021 - Grêmio eliminado pelo Independiente Del Valle
  • 2022 - Fluminense eliminado pelo Olimpia

No começo, quando um time fica na zona de classificação à pré-Libertadores, tudo é alegria, mas na hora da disputa, é preciso entender que é matar ou morrer. Qualquer coisa diferente de uma classificação, provavelmente será encarado como um vexame e. As eliminações já deixaram de ser surpresas e estão virando uma coisa corriqueira. Os times precisam entrar com "os dois pés atrás", caso contrário, vão aumentar a lista de eliminados.

Na edição passada da Libertadores, o Fluminense caiu em um grupo complicado com River Plate, Independiente Santa Fé e Junior Barranquilla, mesmo assim, se classificou e chegou às semifinais. Fato bem surpreendente.

Nesse ano, com um time cheio de reforços experientes, engatou uma sequência de 12 vitórias seguidas, mas na "hora h", errou na estratégia, faltou força mental e se perdeu, sem contar com as decisões polêmicas da arbitragem no jogo de volta.

O América-MG, outro time brasileiro dessa edição da pré-Libertadores, passou da maneira mais sofrida possível, depois de empates, viradas e nos pênaltis. Disputar a fase preliminar da Libertadores é sinônimo de agonia e dificuldade, seja qual for o adversário e não adianta pensar o contrário.

Até que ponto é bom ter quase 10 times brasileiros classificados à Libertadores? Quantidade, quase sempre, pode ser entendida como o oposto de qualidade. A pré-Libertadores está fazendo muito bem a sua função e mostrando isso aos brasileiros, que seguem com sua soberba natural quando vão enfrentar qualquer adversário que não seja argentino, europeu ou uruguaio.

9 de mar. de 2022

Futebol precisa evoluir; Arbitragem é primeiro passo

Matemática não é muito a minha área, mas, feliz ou infelizmente, ela é muito presente no dia a dia, assim como as polêmicas do futebol. Outro dia me perguntei: Qual o motivo de tudo no futebol, especificamente, ser tudo tão polêmico? Achei uma resposta fraca: 'As pessoas são muito apaixonadas, clubistas e chatas'.

Eu realmente pensei que o VAR chegaria para reduzir as polêmicas e afins, mas o Brasil, de fato, é um território à parte. Na Europa, todos adoram o VAR. Não tem lambança. Não demora. Não sobra margem para clubismo e interpretação. Aqui, infelizmente, temos tudo isso.

Ainda acredito que o VAR é um dos caminhos corretos para a melhora do jogo. A ferramenta é boa, o problema é que, no Brasil, ela é mal operada. Nada contra, mas a tecnologia usada aqui é diferente e os árbitros que operam ela, que não são profissionais, deixam a desejar.

Os árbitros precisam ser profissionalizados urgentemente. Isso cabe à CBF. O meio do futebol inteiro hoje em dia é profissional, menos quem comanda o espetáculo dentro de campo. Isso é ridículo.

Outra reflexão que me pegou esses dias foi sobre o tamanho do campo e a quantidade dos árbitros. Lembra a história da matemática não ser o meu forte? Então...

  • Qual o tamanho de uma quadra da NBA? 28,7 x 15,2 = 436m de área
  • Quantos árbitros apitam um jogo de NBA? 3
  • Área coberta por árbitro = 145m
  • Qual o tamanho de um campo de futebol? 110 x 75 = 8.250m de área
  • Quantos árbitros apitam um jogo de  futebol? 1 árbitro e 2 bandeirinhas
  • Área coberta por árbitro (considerando bandeirinhas) = 2.750m
  • Qual o tamanho de um campo de futebol americano (NFL)? 109,7 x 53,5 = 5.868m de área
  • Quantos árbitros apitam um jogo de futebol americano (NFL)? 7
  • Área coberta por árbitro = 838m
A conclusão de tudo isso é: Os árbitros de futebol tem que cobrir uma área maior de jogo com um menor número de integrantes, quando comparados com a NBA e a NFL. Por isso erram mais. Além de não serem profissionais e se dedicarem apenas a isso, tem que cobrir uma área bem maior.

Além de melhorar o VAR e promover a profissionalização dos árbitros, tê-los em maior número não seria um caminho interessante?

4 de mar. de 2022

Calleri e Gabigol são 'camisa 9' dos sonhos de qualquer clube

Tanto Calleri quanto Gabigol atingiram uma aura diferente. Não tem como explicar ou mesurar, apenas sentir. Quem torce sabe: ele vai fazer o gol. Existe uma sinergia diferente entre eles e a torcida, uma identificação, algo que extrapola as quatro linhas.

Isso é difícil de se ter, principalmente com um goleador nato, como eles são. Podemos até citar aqui inúmeros goleiros com esses aspectos extracampo e de identificação, alguns jogadores de linha como Fagner, Geromel, Dudu e afins, mas e os centroavantes?

Quem tem, não abre mão de jeito nenhum. Calleri e Gabigol hoje são exemplares praticamente únicos do 'camisa 9' de confiança da torcida por resolver - e muito - dentro de campo e por ter uma ligação estreita com o fora de campo. Poderíamos até citar Fred no Fluminense, mas há alguns anos ele não é tão decisivo assim.

Calleri não é nenhum tipo de craque ou algo assim, é mais um trombador, mas com a camisa do São Paulo, parece que ele encarna algo parecido com o Romário. Aproveita a única chance que tem. No lugar certo, na hora certa, chutando do jeito certo. Isso não tem preço.

Gabigol é o melhor centroavante brasileiro jogando no Brasil nos últimos anos e, essa ligação construída com a torcida, corrobora ainda mais na criação da 'lenda' dele. Ele é um personagem fora de campo, tem quem goste e tem quem não goste, mas é inegável que ele é um fazedor de gols nato e muito identificado com o Flamengo.

Hoje em dia já é difícil achar um centroavante comum que tenha 'o perfume que a bola gosta' ou que 'fede a gol', imagine então achar esse cara e conseguir construir essa aura, essa identificação e adoração, a sinergia com a torcida. Coisa raríssima e imprescindível hoje em dia. Quem tem comemora, quem não tem, tenta providenciar.