29 de jul. de 2022

Vítor Pereira corre o sério risco de morrer como o peixe, pela boca

O português Vítor Pereira, do Corinthians, é um ótimo técnico. Ele sabe de tática, é experiente, já venceu títulos no exterior e consegue dar, rapidamente, um padrão mínimo ao seu time, mas, ao meu ver, fala muito, e com muita sinceridade, principalmente no que diz respeito ao seu elenco.

As entrevistas coletivas de Vítor Pereira são excelentes para a imprensa, mas ele próprio cria os problemas que serão discutidos. Muitas vezes, o problema nem foi notado, mas ao fazer uso do bom e velho "sincericídio" de sempre, Vítor faz com o que o problema ganhe vida.

Recentemente ele disse que Willian, Yuri Alberto e Róger Guedes não podem jogar juntos e justificou que os três não marcam e, com isso, o time fica exposto pelos lados. É 100% verdade, mas ninguém estava problematizando isso. O tema não estava em discussão. Ninguém havia percebido até ele falar.

Agora, só se fala nisso: Quem vai ficar de fora? Qual será o trio de ataque titular? Qual o motivo de gastar tanto em atacantes se o técnico não vai colocá-los jogando juntos? O problema foi criado, e pelo próprio Vítor.

Não é a primeira vez que ele faz isso. Vítor já deu declarações muito duras ao falar de Róger Guedes, basicamente dizendo que não confiava no atacante. Obviamente não pegou bem e a resposta veio rapidamente. O clima azedou. Crise formada e sem nenhuma necessidade. 

Vítor é muito sincero e os jogadores brasileiros não estão acostumados ou preparados para isso. A grosso modo, são mimados. Nunca, jamais, em hipótese alguma um técnico deve criticar o seu jogador individualmente em uma coletiva de imprensa. É o manual básico do técnico no Brasil. Vítor Pereira não liga pra isso.

Enquanto o time está vencendo e todos os jogadores estão tendo minutos, tudo bem, passa batido. No momento em que acontecerem eliminações e o técnico não funcionar como um "escudo" para os jogadores, a casa deve cair. 

Jogadores no Brasil gostam de serem tratados coletivamente quando o assunto é negativo e individualmente quando se trata de coisa positiva, por mais que omitam. Além disso, entendem que é uma obrigação moral, como um pacto de vida quase, que o técnico sempre defenda eles em público. Vítor Pereira ou não entendeu isso ainda, ou não liga muito para essa parta do relacionamento com os atletas.

Ser técnico no Brasil é complicado. É uma profissão de risco a integridade física e mental. Vítor Pereira, se quiser durar mais com seu elenco, precisa ser menos direto e mais fugaz em suas respostas. Não estou fazendo juízo de valor de quem está certo ou quem está errado, mas que é possível se constatar que Vítor causa vários problemas internos desnecessários com suas declarações sinceras em público, isso é, e é bem fácil.

21 de jul. de 2022

Segundo turno do Brasileirão deve ser bem diferente do primeiro

 Um novo Brasileirão começou ontem e a ordem de forças pode mudar drasticamente de acordo com o desempenho das chegadas e saídas. A contratação que se adaptar rápido e gerar um impacto imediato vai fazer o time decolar, os que demorarem mais podem perder a oportunidade.

O Corinthians fechou com Balbuena e Yuri Alberto. Chegam para assumir a titularidade. O Flamengo acertou com Arturo Vidal e Everton Cebolinha, que podem se tornar os melhores das respectivas posições da América do Sul em pouco tempo. O Palmeiras fechou com dois atacantes gringos, posição que o time agonizava, enquanto o Atlético-MG deu profundidade ao elenco com Kardec e Pedrinho e o São Paulo, finalmente, deu um ponta para Rogério Ceni.

Muitos desses citados já até estrearam, inclusive, gerando impacto, como as assistências de Cebolinha e Yuri Alberto. Acredito fortemente que o segundo turno do Brasileirão pode ter uma tônica bem diferente do primeiro turno por causa das contratações.

É bom frisar que, na mesma medida que existem as chegadas, ocorrem as saídas. O Palmeiras, bicampeão da Libertadores, deve vender Gabriel Veron e Breno Lopes em breve. Qual impacto isso terá no elenco? O São Paulo já vendeu Gabriel Sara também.

Uma nova ordem de forças pode surgir no segundo turno, os reforços tem calibre para desequilibrar o campeonato e eu apostaria que vão sim fazer isso.

15 de jul. de 2022

Copa do Brasil céu e inferno

América, Athletico, Atlético-GO, Fortaleza, Fluminense, Flamengo, Corinthians e São Paulo. Esses oito times estão nas quartas de final da Copa do Brasil, um feito e tanto.

Como esperado, alguns estão em lua de mel com a torcida. Corinthians, Flamengo, São Paulo, Fortaleza e Atlético-GO passaram por cima de antigas rivalidades para avançar de fase. Nada melhor do que vencer um clássico, se classificar e ganhar uma gorda premiação por passar de fase. Dá um ânimo e uma moral necessária pro resto da temporada.

Botafogo, Bahia, Goiás, Ceará, Cruzeiro, Atlético-MG, Santos e Palmeiras foram os eliminados da vez. Muitos deles, nem no céu estavam, mas agora já desceram pra baixo do inferno com a eliminação.

É normal ser eliminado em um jogo de copa, mas tirando o Ceará, todos os times eliminados tiveram uma história bem perversa.

Botafogo - 5 a 0 contra no agregado;
Bahia - ótimas chances de reverter o placar no jogo de volta desperdiçadas;
Cruzeiro - perdeu na ida e tomou um 3 a 0 em casa na volta;
Atlético-MG - mesmo com a vantagem no jogo de ida, foi eliminado;
Santos - perdeu de 4 a 0 um clássico;
Palmeiras - conseguiu reverter um placar adverso, teve a chance de selar a classificação e foi eliminado nos pênaltis;

As coisas precisam ser revistas, tanto pra quem foi eliminado quanto pra quem se classificou. Não vejo, no momento, a necessidade de começar tudo do zero em nenhum clube, mas é preciso reavaliar alguns processos.

Aos classificados, é hora de comemorar, mas ressaltando que nenhum time, exceção feita ao América e talvez ao Fluminense, foi perfeito nas oitavas de final da Copa do Brasil.

5 de jul. de 2022

Sampaoli, o Flamengo te espera

Com todo respeito ao atual técnico do Flamengo, Dorival Júnior, mas não acredito que a diretoria do clube tenha muita convicção no trabalho dele. Sampaoli, que está desempregado, será, sem dúvidas, uma grande sombra para Dorival. O Fla tem as condições financeiras para pagar o salário do argentino e fazer as contratações que ele tanto deseja. Mais do que isso, o Flamengo tem a necessidade e a pressão de ser campeão pra ontem.

Sampaoli não é um cara de projeto. Ele assume um clube, eventualmente vence, e deixa saudades por conta de um futebol intenso e vistoso, mas sempre sai  brigado. Não é garantia de resultados, muito pelo contrário, é sinônimo de tumulto, mas é um bom técnico e que pode entregar coisas boas ao Flamengo. Sampaoli é presente, não futuro, mas também pode ser um belo presente de grego.

Um ano no Santos. Um ano no Atlético-MG. Um ano no Olympique de Marselha. Isso é Sampaoli. Acredito que ele pode ser o técnico para melhorar o desempenho do time e, quem sabe, vencer algo com o ótimo elenco do Flamengo. Em que se pese tudo isso, Sampaoli deixou todos os clubes pelas portas dos fundos, por isso, não acredito em um retorno ao Galo, que tem uma situação parecida com o Flamengo no momento.

O pior de tudo? Eu acho que Sampaoli combina com a diretoria do Flamengo, para o bem e para o mal. Visceral, impulsivo, um pouco desorganizado e que gosta dos holofotes e de estar no centro das atenções, polêmicas e da mídia.

O contra-argumento perfeito para refutar a ideia que Sampaoli é um bom nome no Flamengo é a passagem do técnico pela seleção da Argentina. Teve de lidar com medalhões e perdeu o comando do vestiário durante a Copa do Mundo. Fiasco. O Flamengo é cheio de medalhões, que mandam e desmandam não só no vestiário, mas no clube inteiro, e Sampaoli tem uma personalidade, no mínimo, singular, intensa e complicada. Isso poderia gerar um atrito entre as partes e até justificar a não-contratação dele pelo clube. Precisa ser levado muito em conta.

Tudo isso é leviano, não existe nada além das correlações da minha cabeça, mas realmente vejo que faz algum sentido. Novamente, com todo respeito a Dorival Júnior, acredito que é uma questão de tempo para ele ser queimado e a diretoria do Flamengo contratar Jorge Samapaoli.