19 de dez. de 2019

2019 foi uma dádiva para o futebol brasileiro

    Fazia muito tempo que não tínhamos um ano tão positivo em termos de desempenho aqui no Brasil. A tônica das discussões dos últimos anos têm sido sempre a mesma: o que você prefere, desempenho ou resultado? Ser campeão ou jogar bem? Atrelar essas coisas parecia só ser possível na Europa, mais especificamente no Barcelona. 2019 derrubou isso.
    O Grêmio, de Renato Gaúcho, chegou a ser quase um ponto isolado de resistência quando o futebol reativo era dominante no Brasil. Hoje, a semente que aquele Grêmio começou a plantar com Roger Machado e se solidificou com Renato virou uma árvore forte com frutos, legado e títulos. O Grêmio revela jogadores, goleia, ganha, encanta, vencecampeonatos e provoca os outros. Hoje, existem outros times com esse propósito e que vem sendo campeões.
    As diretorias, de fato, acreditam agora que é possível jogar futebol ofensivo e levantar canecos. Encantar, como o Flamengo encanta, são outros 500. Muito mais difícil. Outro patamar.
    Obviamente o Flamengo é o que vem a cabeça logo de cara quando esse é o assunto, mas não podemos esquecer do Athlético Paranaense também. Campeão da Sul-Americana ano passado, da Copa Do Brasil esse ano e jogando bem, diga-se, assim como o Grêmio, também há mais tempo que o Flamengo.
    É claro que o mais impressionante é o Flamengo. Dá gosto de ver e vem provando que dia após dia que é um time que será lembrado por muitos anos pelos feitos atingidos. Além disso, joga melhor que os dois outros times citados no auge, mas nem só de Flamengo vive o Brasil.
    O Brasileirão está esboçando uma reação. Dos 6 primeiros colocados no campeonato, 5 times jogaram para frente esse ano. Flamengo com Jorge Jesus, Santos com Sampaoli, Grêmio com Renato Gaúcho, Athlético Paranaense com Tiago Nunes e depois com Eduardo Barros e o São Paulo, com o Fernando Diniz. Só o terceiro colocado Palmeiras bateu na tecla do futebol reativo com Felipão e Mano Menezes. 
    Depois de 2019 fica claro: jogar para cima dá sim resultado. Outros trabalhos ótimos também precisam ser ressaltados. Rogério Ceni, no Fortaleza, por exemplo, jogou propondo o jogo na medida do possível e conseguiu a classificação para primeira competição internacional da história do time ao ficar surpreendentemente na primeira página da tabela do Brasileirão. O Bahia, de Roger Machado, também colheu ótimos resultados, uma pena que o rendimento caiu no final do campeonato.
    Antigamente era uma certeza: o time que tivesse a melhor defesa será o campeão brasileiro. O time com a melhor defesa do Brasileirão em 2019 foi o São Paulo, que ficou em 5º. O ataque foi o diferencial, os times foram para cima. Dá sim para ser campeão jogando ofensivamente.
    Existe o argumento de que o Flamengo faz o que faz porque tem os melhores jogadores do Brasil. De fato, fica infinitamente mais fácil, mas todos os outros times, que tem elencos muito mais limitados também obtiveram certo sucesso tentando jogar ofensivamente: Santos, Fortaleza, Bahia, Athlético Paranaense e outros. Detalhe: qual time que foi rebaixado tentando jogar para frente? Mais uma derrota do futebol reativo.
    É muito cedo para jogar a pá de cal em técnicos que valorizam a defesa e o jogo reativo, mas 2019 foi um ano difícil para eles. Felipão, Carille, Mano Menezes, Abel Braga, Zé Ricardo, Odair Hellmann, Vagner Mancini e muitos outros que podemos citar.
    Agora, os times querem técnicos que sejam capazes de fazer os jogadores atacarem. Sem futebol reativo. O Palmeiras foi atrás de Vanderlei Luxemburgo, que fez isso como ninguém no passado, o Internacional buscou Eduardo Coudet, Corinthians contratou Tiago nunes. Com isso, os 9 primeiros times do Brasileirão de 2019 começam 2020 com técnicos que pensam o jogo para frente. Uma novidade, muito boa na minha opinião.
    No momento, a bola da vez é para frente, mas precisamos lembrar que o futebol é feito de ciclos. Ninguém fica por cima para sempre nem por baixo para sempre. 
    Fato é: o jogo propositivo brasileiro saiu do coma que vinha há anos em 2019. Vamos desfrutar do ataque e torcer para que dê certo por muito tempo esse estilo de jogo tão nosso.

9 de dez. de 2019

Seleção do Brasileirão 2019

Esquema: 4-3-3

Goleiro: Weverton (Palmeiras)
Lateral esquerdo: Jorge (Santos)
Zagueiro: Rodrigo Caio (Flamengo)
Zagueiro: Gustavo Henrique (Santos)
Lateral direito: Rafinha (Flamengo)
Volantes: Carlos Sánchez (Santos) e Gerson (Flamengo)
Meia: Arrascaeta (Flamengo)
Atacantes: Dudu (Palmeiras),  Gabriel Barbosa (Flamengo) e Bruno Henrique (Flamengo)
Técnico: Jorge Jesus (Flamengo)


Melhor ataque: Flamengo - 86 gols
Craque do Brasileirão: Gabriel Barbosa
Revelação do Brasileirão: Michael (Goiás)
Melhor defesa: São Paulo - 30 gols sofridos
Surpresa positiva do Brasileirão (time): Athlético-PR - 5º
Surpresa negativa do Brasileirão (time): Cruzeiro - 17º
Mais assistências: Arrascaeta (Flamengo) - 14
Artilheiro: Gabriel Barbosa (Flamengo) - 25 gols


Reservas:

Goleiro: Tiago Volpi (São Paulo
Lateral esquerdo: Reinaldo (São Paulo)
Zagueiro: Gustavo Gómez (Palmeiras)
Zagueiro: Victor Cuesta (Internacional)
Lateral direito: Marcos Rocha (Palmeiras)
Volantes: Felipe Melo (Palmeiras) e Willian Arão (Flamengo)
Meia: Éverton Ribeiro (Flamengo)
Atacantes: Soteldo (Santos), Eduardo Sasha (Santos) e Everton Cebolinha (Grêmio)
Técnico: Jorge Sampaoli (Santos)