9 de mar. de 2020

Os Deuses argentinos do futebol

    "Os Deuses do futebol". Quem nunca ouviu alguém falando isso na vida? Acho que um número bem próximo ao 0. Essa expressão seria para indicar uma criatura de força maior que guarda tudo e todos que estão conectados de alguma maneira com as 4 linhas e que faz de tudo, desde o impossível acontecer até o certo não ser mais tão certo.
    Justo Argentino porra? Porque isso? O lance não é a nacionalidade, mas o que ele aprontou nesse final de semana, que foi digno de um gol assinado por Pelé. Ou uma peça assinada pelo melhor dramaturgo em atividade. 
    Antes de qualquer outra coisa: o Deus argentino do futebol não é nem Maradona nem Messi, ok? Esse texto não cai nessa discussão. Entenda  os Deuses do futebol como um estranho, nesse momento, mas que tem nome, sobrenome e um bom gosto.
    Dói elogiar Argentinos, mas precisamos falar deles, principalmente quando acontece alguma coisa similar ao que aconteceu no último sábado. River Plate e Boca Juniors já tem uma rivalidade invejável e uma história sensacional, que ganhou mais um capítulo brilhante no último final de semana.
    Capítulo esse que será lembrado pelo resto da vida de uns enquanto outros vão querer esquecê-lo desesperadamente pelo resto das suas vidas miseráveis.
    Os atores da trama são os seguintes: 
  • River Plate: com um técnico que já ganhou tudo, menos o Campeonato Argentino. Jejum que parecia caminhar para o final, afinal de contas, o River jogava bem, ganhava na reta final da competição e tinha uma gordura para o segundo colocado.
  •  Boca Juniors: o maior rival dos líderes, que lutavam jogo a jogo para continuar na briga ao título. Trocaram de técnico na virada do ano e viam uma estrela antiga voltar aparecer, como se fosse até cadente. 
  • Os deuses caprichosos do futebol.
  • Maradona. Toda peça argentina sobre futebol precisa ter o Maradona incluso em algum momento.
    Na última rodada, 1 pontinho separava o River Plate do Boca Juniors e, o River, precisava de uma vitória em cima do Atlético Tucumán, algo completamente tangível, já que esse time foi eliminado na pré-Libertadores e não é uma grande força. O Boca precisava de um tropeço do maior rival e uma vitória contra o fraco Gimnasia la Plata, que é comandado por ninguém mais ninguém menos que Maradona. O próprio.
    1º ato. Os dois jogos começaram em horários iguais. Logo de cara uma surpresa: Maradona, rival do Boca em cargo, mas que carrega o Boca no coração beijou Carlitos Tévez na Boca antes da partida. 
    2º ato. O beijo faz efeito. De fato deu sorte. A outra surpresa: River Plate perdendo no primeiro tempo, bastava ao Boca vencer seu jogo e então, o cenário estava fechado, o título seria roubado das mãos do maior rival, não na mão grande, mas na Boca grande.
    3º ato. A esperança. O River empata o jogo, por enquanto, tudo certo para o título, até o chute de Tévez.
    4º e útlimo ato. O apagar das luzes. Gol do Boca. Agora bastava o Tucumán segurar o River e o Boca segurar o Gimnasia que o título seria Xeneize. Deu certo e, com um ponto de diferença, o Boca Juniors roubou o título, que estava na mão do maior rival justo na última rodada.
    Os deuses do futebol pregaram uma baita peça no River Plate, que ultimamente vem mandando no futebol argentino. 
    Justamente na hora de decidir o River Plate perdeu o gás, enquanto isso, o Boca Juniors viu uma brecha - muito pequena - de ser campeão e, de fato, foi. Nas últimas 5 rodadas, o Boca Juniors venceu todos os jogos, enquanto isso, o River Plate venceu 3 e empatou 2. 
    A estrela do Boca? Carlitos Tévez. Não só pelo gol do título, sim pelos 5 gols feitos nas últimas 4 rodadas do campeonato. Essa estrela ainda não morreu. Enverga a pesada camisa 10 e parece mais uma estrela cadente que uma decadente nesse momento.
    O adeus. As cortinas da La Bombonera se fecham e só me resta aplaudir de pé todos esses atores e, principalmente, o mais místico, que me soa mais familiar do que nunca: os Deuses do futebol.