6 de jan. de 2022

Saída de Fábio do Cruzeiro tem um motivo: Ronaldo quer ser fenomenal sozinho

Eu não demitiria Fábio. Basicamente foi isso que aconteceu, já que o goleiro disse que aceitaria reduzir o salário. Agora, aparecem comunicados do Cruzeiro dizendo que não foi bem assim, bem estranho.

O futebol ser feito de uma maneira racional, com gestão e austeridade é positivo, mas não podemos esquecer que o jogo também é emoção e história. Fábio mistura sua história com a do Cruzeiro. O goleiro havia acertado as bases de sua renovação e bateria, inevitavelmente, a marca de 1000 jogos com a camisa do clube.

Mais um ano de Série B para Fábio, mais um ano de provações e demonstração de amor, mas, pelo menos, um ano com marcas históricas, mesmo que para um jogador que não precise delas, já que já está na história do clube.

41 anos, 17 anos consecutivos no clube, 13 títulos e 976 jogos. Fábio com certeza não estava pensando no dinheiro, ele poderia ter saído antes, inclusive, poderia nem disputar a Série B, tinha mercado na elite do futebol brasileiro quando o Cruzeiro caiu. Optou por ficar.

Aos poucos, o projeto encabeçado por Ronaldo Fenômeno vai "limpando" o Cruzeiro de possíveis ídolos e personagens como Vanderlei Luxemburgo e Fábio, que poderiam ser mais marcantes do que ele no eventual retorno à Séria A e isso não é uma novidade.

No Corinthians, por mais que não fosse na Série B e como dono do time, Ronaldo atuou de uma maneira que precisa ser ressaltada. Fica muito claro entre todos que existe um "antes de Ronaldo" e um "depois de Ronaldo" no Corinthians. 

Quem era o presidente? Quem era o técnico? Quem foi o artilheiro do time? Isso faz parte do "pacote Ronaldo", ele chega para ser o centro de todas as atenções, custe o que custar. Custou Fábio e Luxemburgo, nesse caso do Cruzeiro.

O modelo de gestão SAF (Sociedade Anônima no Futebol) também gera esse impacto. Primeiro as contas e a racionalização, o dinheiro. Depois e em segundo plano, emoção, história e contexto. Quem pensou que seria um mar de flores se enganou muito.

A decisão já foi tomada e não será revertida. O Cruzeiro é uma empresa e será gerido como tal, o torcedor só pode ficar, literalmente, torcendo para que as decisões sejam acertadas, nada mais que isso. 

Fábio, como grande ídolo que é, merecia mais carinho na despedida e mais consideração. O que pode ser feito para amenizar a dor da torcida é, basicamente, oferecer um cargo diretivo em alguma esfera do clube para ele.

Agora o Cruzeiro tem seu único e grande pilar para se apoiar: Ronaldo Fenômeno. O jogador que mais atuou pelo clube já saiu e o técnico que, além de evocar um passado glorioso, conseguiu, com muitos sacrifícios, manter o time na Série B saiu também. Ronaldo será o único e maior protagonista dessa história, tendo ela um final feliz ou não.

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